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Textos

CAMINHAR - PEREGRINAR

 

VIVER: FECUNDA MUTAƇƃO

 

Caminhar faz usufruir do que se avista - do mistĆ©rio que se traz no Ć­ntimo - aproximando a pessoa do aqui e agora. Caminhar Ć© um esforƧar-se, corporalmente, que muda o modo interior de avaliar e de agir. Peregrinar implica um fenĆ“meno corporal a nos enriquecer no ver, ouvir, enxergar, entender. sentir, cheirar, admirar e decidir. A pessoa ā€“ caminhando - entra em contato com a natureza que, por sua vez, a confronta com seu prĆ³prio Ć­ntimo.

 

O caminhar nos questiona, alivia, amplia nossa visĆ£o, nos liberta interiormente e nos faz sentir o MistĆ©rio que envolve tudo e todos. Ɖ pelos pĆ©s que atingimos mente e coraĆ§Ć£o, mudamos o modo de ser e de nos relacionar com pessoas e coisas, com desafios e ideais no lidar com a vida. Liberta-nos de pequenas e grandes obsessƵes que nos dominam e, tambĆ©m, nos confronta com o divino ā€“ o mistĆ©rio que tudo e todos habita ā€“questionando, sustentando e amadurecendo.

 

O peregrinar nos conscientiza do fato de que podemos existir; que somos todos iguais e de que as coisas nĆ£o pretendem chamar tanto a atenĆ§Ć£o para si mesmas. HĆ” algo mais em jogo, algo que em silĆŖncio e simplicidade confirma que, no cotidiano, podemos existir vinculados a outros em situaƧƵes variadas. Isso nos presenteia novos pontos de vista com perspectivas de fecunda criatividade. Caminhar purifica interiormente, confronta com a verdade e abre novas portas para o modo de existir, de relacionar e de agir.

 

A pessoa jĆ” nĆ£o se prende Ć  sua prĆ³pria limitaĆ§Ć£o e ao seu imediatismo, com interesse limitado frente a problemas. Tudo que se lhe apresenta ao redor: pessoas, ruas, casas e prĆ©dios; situaƧƵes, campos, Ć”rvores e flores a insere no caminho que encanta com cheiros e valores a penetrarem no seu Ć­ntimo e nas suas relaƧƵes. TambĆ©m vilarejos, pessoas e grupos de participantes, com sua comunicaĆ§Ć£o recĆ­proca acima de lĆ­nguas, hĆ”bitos, objetivos, proble-mas e sonhos contribuem para uma mudanƧa interior e exterior.

 

Em tudo isso - por uma liberdade e verdade civilizantes - hĆ” o que liberta de uma perspectiva estreita, como ainda de hĆ”bitos, crenƧas e visƵes polĆ­ticas mesquinhas. A perspectiva Ć© relativizada e cresce o interesse pelo que transporta as pessoas para fora, para muito alĆ©m e acima de si, tornando-as indivĆ­duos mais abertos, acolhedores e desprendidos. Isto lhes presenteia com uma nova, ampla e rica interioridade, liberta-as de si e as aproxima do diferente como indivĆ­duos mais nobres, livres e promissores. O interesse prĆ³prio dilui e impƵe-se lhes uma mentalidade ecumĆŖnica, uma atitude franca de colaboraĆ§Ć£o. O espaƧo interior de cada um se faz mais amplo, mais receptivo, simpĆ”tico e encorajador.

 

NĆ£o hĆ” quem nĆ£o passe pela experiĆŖncia de uma mudanƧa ā€“ inovaĆ§Ć£o interior - que torna a pessoa qual porta aberta, dando acesso a outrem e a uma nova forma de ver, sentir, saborear e escolher. O espaƧo pessoal se amplia e passa a ser ricamente habitado, mostrando que o modo de viver pode ser diferente, mais leve, acolhedor e bem mais fecundo.

 

Viver de modo novo e mais feliz e transformador Ć© possĆ­vel. Em resumo, a caminhada passa a ser uma meditaĆ§Ć£o fĆ­sica, envolvente e social, preparando a pessoa para um modo diferente e mais fecundo de marcar presenƧa na famĆ­lia e na sociedade; como tambĆ©m de cuidar melhor de si e de tantos que se Ć© chamado a beneficiar. Todas as dimensƵes do ser humano sĆ£o atingidas e enobrecidas; o seu Ć­ntimo abre um espaƧo novo com gentil e rica receptividade.

 

GraƧas ao caminhar, o humano mais profundo Ć© atingido e se faz receptivo para iniciativas que tornam a vida mais fecunda, socializante e libertadora, menos exigente e mais satisfeita com o indispensĆ”vel. E eis a pessoa a peregrinar ou a caminhar, satisfeita com o que ela mesma Ć© capaz de suportar. Desta forma, o viver se torna mais autĆŖntico para si e, graƧas a ela, para outros. Quem ganha com isso Ć© a convivĆŖncia que tem na pessoa peregrina uma fecunda bĆŖnĆ§Ć£o a imprimir transformadora irradiaĆ§Ć£o ao conviver.

 

F.Claudio - 14.08.2015

ESPƍRITO   RENOVADOR

(Pentecostes)  /  Textos: Atos 2,1-11; e JoĆ£o 20, 19-23:

 

Originalmente, Pentecostes era uma festa de colheita; depois tornou-se festa da AlianƧa no Sinai; festa da Torah, das ā€œDez Palavrasā€ (DecĆ”logo) que orientam a vida de fĆ© do povo. Hoje se fala de vento e fogo, de ruĆ­do e congraƧamento, de harmonia e abertura em meio Ć  realidade como manifestaĆ§Ć£o do amor de Deus. O espĆ­rito de Jesus ā€“ seu jeito de ser e agir - irrompe nos discĆ­pulos, os  envolve e inspira. Se a PĆ”scoa traz a libertaĆ§Ć£o do pecado e da morte, da opressĆ£o e do medo, Pentecostes gira em todo do amor, o novo Mandamento testemunhado por Jesus e que ecoa no coraĆ§Ć£o de cada pessoa.

 

O Evangelho nos reporta ao primeiro dia da semana, os apĆ³stolos ainda com medo nos coraƧƵes e com as portas trancadas, quando se convencem que, em e por Jesus, Deus Ć© perdĆ£o, solidariedade e paz. Ɖ preciso devolver a alegria aos excluĆ­dos e abandonados. Nossa verdade hĆ” de revestir-se de um sorriso, nossa avaliaĆ§Ć£o hĆ” de gerar perdĆ£o, nossa religiosidade hĆ” de ligar-se Ć  vida e Ć s pessoas e, jamais, prioriza ordem, medo, vinganƧa e exclusĆ£o.

 

Agora, jĆ” nĆ£o se trata de lei, mas de espĆ­rito ā€“ o ā€œruahā€, sopro, chama simboliza a leveza de nosso Deus, o poder de seu amor. Toda rigidez seja abandonada, toda alienaĆ§Ć£o banida. ā€œVenho para fazer novas todas as coisasā€. As pessoas nĆ£o existem em funĆ§Ć£o do peso da lei, pois o objetivo da lei Ć© o bem-estar das pessoas, sua vida, suas relaƧƵes com boa qualidade. Todos terĆ£o de viver a partir de seu coraĆ§Ć£o, de sua sensibilidade humanitĆ”ria, em vista de uma convivĆŖncia que se faz apelo e exercĆ­cio de solidariedade humanitĆ”ria.

       

O que, cada dia, temos de fazer, isso nĆ£o consta, previamente, em prescriƧƵes e cĆ³digos, nĆ£o depende simplesmente de ordens. A nova referĆŖncia Ć© Jesus, liĆ§Ć£o e exemplo para todos e de cujo espĆ­rito, indistintamente, participamos. Agora, hĆ” um caminho de fĆ© e bondade, de compaixĆ£o e solidariedade, de renovaĆ§Ć£o e comunhĆ£o, de criatividade e participaĆ§Ć£o. Pentecostes: liĆ§Ć£o exigente e promissora! Rica promessa, caminho seguro, liĆ§Ć£o sempre de novo a ser aprendida e testemunhada.

 

Somos lembrados de que o EspĆ­rito, em vez de usar a mediaĆ§Ć£o de algo pesado em doutrinas, cĆ³digos de tradiƧƵes, em normas e disciplinas, ele traz a leveza do vento e o calor do fogo. E eis que a leveza envolve todos que ficam admirados;  a comunicaĆ§Ć£o vence os obstĆ”culos das mais variadas ā€˜lĆ­nguasā€™ ou de sistemas legais para lidar, amorosamente, com vida, pessoas no ritmo de relaƧƵes. Sim, o EspĆ­rito vai direto ao Ć­ntimo do coraĆ§Ć£o humano e, sem complicaƧƵes ou ameaƧas, toca diretamente todos, confrontando-os com a leveza integradora do amor divino.

       

JĆ” nĆ£o temos direito de temer o novo, nĆ£o hĆ” mais imposiĆ§Ć£o com exclusĆ£o. Ɖ o sopro que nos conduz, ninguĆ©m o domina; nĆ£o sabemos de onde vem e menos ainda para onde nos leva, senĆ£o para vida mais plena, para convivĆŖncia mais participativa. Agora nĆ£o faz mais sentido haver discriminaĆ§Ć£o entre cristĆ£os e judeus nem oposiĆ§Ć£o entre gregos e romanos. Mulher e homem, pecador e justo, ateu e religioso podem reconhecer-se irmĆ£os; e devem valorizar-se, confraternizar-se sem direito de fazer acepĆ§Ć£o de pessoas. Esta Ć© a ponte de acesso a uma nova luz: ter fome da verdade e sede de justiƧa; sair do rigor de uma religiosidade ultrapassada e ir ao encontro dos outros para alcanƧar o frescor do novo.

 

Os arautos do medo, os diplomados no poder, os autores da exclusĆ£o, os incendiĆ”rios das fogueiras, os organizadores das cruzadas, os soldados das missƵes, os fanĆ”ticos da disciplina, os doutores da alienaĆ§Ć£o, os senhores do infantilismo e os algozes da centralizaĆ§Ć£o correm risco de se fazer traidores do EspĆ­rito. Batizar-se no EspĆ­rito tem a ver com abertura, mobilidade, acolhida, renovaĆ§Ć£o, espaƧo de participaĆ§Ć£o e comunhĆ£o. O clima seja de confianƧa festiva e de uma permanente conversĆ£o. Nunca ninguĆ©m estĆ” pronto. Todos temos de renascer. Ɖ Pentecostes. A forƧa transformadora do  amor se faz dĆ”diva e oferta.

 

Pelo EspĆ­rito somos catĆ³licos; isto Ć©, globalizados, universais; nĆ£o de uma categoria sĆ³, mas todos unidos no amor que transcende fronteiras. Dispomo-nos a ir em direĆ§Ć£o, uns dos outros. AtĆ© mesmo ao encontro dos que estĆ£o fora de algum esquema ou norma: judeus, pecadores, recasados, ateus, catĆ³licos, espĆ­ritas, evangĆ©licos, agnĆ³sticos, budistas, islĆ¢micos. Todos, tocados pela gratuidade divina, somos convidados Ć  Mesa do Amor que renova,  inclui e rejuvenesce. A irrupĆ§Ć£o do EspĆ­rito sĆ³ Ć© ameaƧa para os amantes da lei, para os de coraĆ§Ć£o tacanho, para os refĆ©ns do poder.

       

Renascer do EspĆ­ritoā€... NĆ£o foi nada fĆ”cil para Paulo e Pedro, e continua sendo difĆ­cil para Papas, para Bispos e padres, para cada um de nĆ³s. Pentecostes se refere a todos, indistintamente. Fala de um fogo que pousa sobre cada um, a fim de que abandonemos nosso aprisionamento, acima de religiĆ£o, nacionalidade, cultura e outras escolhas particulares. Eis o grande e verdadeiro milagre: todos e cada um em particular somos abordados por Deus, envolvidos por seu amor, conduzidos por sua sabedoria como participantes das maravilhas que seu EspĆ­rito realiza.

 

Pentecostes Ć© a festa da diversidade em busca da integraĆ§Ć£o, da unidade com expressƵes multifacetadas. Aqui, o dinamismo da fĆ© derruba muros e constrĆ³i pontes. Pentecostes Ć© a festa da humanidade que depƵe as armas, desiste de ver no diferente um inimigo e transforma o poder em uma mobilizaĆ§Ć£o geral para renovar as relaƧƵes. Pentecostes simboliza a Paz Universal, a Humanidade toda em Deus.

Pentecostes Ć© a nova Lei do EspĆ­rito que nos dĆ” uma coesĆ£o interior: a fĆ© se torna braƧo, a esperanƧa se faz coragem e o amor se revela porta aberta a acolher os diferentes. Pentecostes Ć© o ensaio de sempre. Vamos recomeƧar. Nunca Ć© tarde. A hora Ć© agora.  De ora em diante, o decisivo serĆ” este "sopro" do EspĆ­rito. Ele Ć© "a alma da Igreja"; o coraĆ§Ć£o de nossa vida de fĆ©.  Nesta CelebraĆ§Ć£o, selemos a AlianƧa ā€“ Deus conosco, em tudo, para sempre. Assim seja!

ESPERANƇA ā€“ HĆ”, entre nĆ³s, pessoas que se deixam impelir pela esperanƧa. Com fĆ©, rezam: ā€œSe nĆ£o Ć© o Senhor que constrĆ³i a casa, pouco adianta o trabalho dos pedreiros.ā€
A vida nĆ£o comeƧa nem termina em cada um de nĆ³s. Mas, para desenvolver-se no todo que nos cerca, ela passa por nĆ³s e precisa de nossa colaboraĆ§Ć£o. SĆ³ assim, vida e histĆ³ria crescem; mas se nos omitimos, elas definham. Quem reconhece essa verdade, acolhe o germe da esperanƧa, que estĆ” na base,
na origem de todas as realizaƧƵes.

CRISTIANISMO ā€“ A essĆŖncia do Cristianismo estĆ” expressa na ā€œcruzā€, seu sĆ­mbolo por excelĆŖncia. Lembra a morte como gesto extremado de amor feito doaĆ§Ć£o; lembra o mais generoso engajamento contra tudo o que ameaƧa, oprime e desvaloriza a vida e a pessoa humana; lembra a solidariedade com os pequenos e todos os que sofrem. Lembra, sobretudo,
a RessurreiĆ§Ć£o como plenitude de vida, oriunda do amor gratuito do Pai.

Enfim, lembra a comum-uniĆ£o entre o cĆ©u e a terra, entre a eternidade e o tempo, entre o espĆ­rito e a
matƩria, entre Deus e os Homens.

CARNAVAL ā€“ Originalmente, o Carnaval era um tempo de crĆ­tica sadia Ć  ordem social existente. Em clima de festa popular, dava-se vazĆ£o Ć  crĆ­tica contra as vaidades na vida social, polĆ­tica e religiosa. GraƧas a caricaturas, que funcionavam como espelho, os homens do poder eram confrontados com a falta de bom senso no desempenho cotidiano de suas tarefas. Mais do que nunca precisamos desse Carnaval, porque as pessoas levam-se demasiadamente a sĆ©rio. Afinal palhaƧos e loucos sĆ£o todos que, no palco da histĆ³ria, perseguem autoridade, posse, fama, poder e status, como se fossem fonte autĆŖntica de felicidade e paz. Se o Carnaval se deturpou, vamos permitir que uma leitura, encontro ou meditaĆ§Ć£o mostrem, com clareza, que a sabedoria deste mundo Ć© loucura...

IGREJA PROFƉTICA ā€“ Comunidade de irmĆ£os sempre em busca de vida melhor para todos, ou instituiĆ§Ć£o autoritĆ”ria em torno de dogmas e disciplinas? IrmĆ£ sensĆ­vel a todo apelo de
colaboraĆ§Ć£o libertadora, ou doutora autosuficiente, distante da efervescĆŖncia histĆ³rica? Escola de espiritualismo que paira
acima dos fatos, ou pedagoga de uma fĆ©-compromisso dentro do existir politizado? ServiƧo generoso a favor da paz entre classes e povos, ou combate permanente contra desvios de crenƧas e comportamentos? Impulso missionĆ”rio que irradia a novidade evangĆ©lica, ou repetidora acomodada de liƧƵes jĆ” ultrapassadas?

A VIDA EM COMUNIDADE Ć© o melhor antĆ­doto contra a forƧa corrosiva do individualismo prepotente. De fato, a vivĆŖncia comunitĆ”ria, baseada na participaĆ§Ć£o e ligada aos objetivos de uma crescente comunhĆ£o, supera o individualismo, pelo esforƧo de superar problemas, suscitar lealdade coletiva, compromisso, solidariedade e ternura.
Requer-se resistĆŖncia contra a fatalidade de eventos trĆ”gicos que, porventura, nos sucedem. NĆ£o podemos, simplesmente, nos resignar com tudo que nos acontece. Carecemos da ALEGRIA da novidade, capaz de nos libertar do conformismo e de nos estimular a transformar situaƧƵes e a dinamizar o exercĆ­cio de esponsabilidades.
Jesus sabia envolver-se com os outros, mostrando-se capaz de socorrer as pessoas na fragilidade de sua condiĆ§Ć£o pessoal e social. (Mat. 9,36)

Ɖ o que se chama MISERICƓRDIA. Trata-se da virtude
que faz arriscar o confronto com a vulnerabilidade do outro, enquanto familiariza com a prĆ³pria pequenez e grandeza. O que hĆ” de mais nobre no ser humano Ć© essa sensibilidade pelo outro, em sua dor, carĆŖncia e sofrimento. Mas ela pode corromper-se facilmente. MisericĆ³rdia sem prĆ”xis Ć© sentimentalismo alienante,
como eficiĆŖncia somente funcional nĆ£o passa de voluntarismo desumano ou de abuso paternalista do poder.

EXCELƊNCIA DO HUMOR ā€“ ƀ guisa de um tĆ“nico, o bom humor equilibra, estimula, alivia e relativiza a nossa participaĆ§Ć£o nas agitadas peripĆ©cias da vida cotidiana.
Suscita um estado de Ć¢nimo que garante ao comportamento a capacidade de defender e de promover consistĆŖncia e saĆŗde na dimensĆ£o psĆ­quica e social do existir. A seriedade balofa do raciocĆ­nio lĆ³gico tende a isolar fatos e situaƧƵes. Ao revelar a comicidade escondida em tudo e em todos, o humor faz abrir brechas na rigidez de ideologias e dogmatismos, salva da acidez de extremismos.

NATAL, HOJE E SEMPRE

 

Natal convoca todos para integrar o

sagrado no profano.

Motivar para a cidadania Ć© o sentido do Natal.

Servir a Deus no prĆ³ximo Ć© valorizar o Natal.

Semear bĆŖnĆ§Ć£os no cotidiano faz

acontecer o Natal.

 

Natal: em infĆ¢ncia e velhice, Deus se faz oferta.

Confraternizar o viver Ć© partilhar o amor do Natal.

Natal se atualiza em gestos de promover excluĆ­dos.

Exercer a dignidade de cidadĆ£oĆ© valorizar o Natal.

 

Natal se realiza no socorroa os esquecidos

e ignorados.

Natal se festeja ao aquecer relaƧƵes fraternas.

Ao nos solidarizar em desafios

celebramos o Natal.

Ternura no serviƧo do poder enobrece o Natal.

Conscientizar da responsabilidadeƩ

ensaiar o Natal.

 

Natal se realiza por unir pessoas e partilhar bens.

Assumir a vida em seus desafiosƩ concluir o Natal.

Ao envolver outros no perdĆ£o, acontece o Natal.

Celebrar a gratidĆ£o Ć© aplaudir o Natal.

 

Natal convoca e educa para construir igualdade.

Natal Ʃ braƧo estendido, horizonte ampliado.

Ao se promover amor e justiƧa, anuncia-se o Natal.

Natal nos mobiliza a fim de investir nossos dons.

 

Natal pede que, zelosos, demos rumo ao viver.

Sem diminuir oposiƧƵes, deturpamos

o sentido do Natal.

Reconciliados no bem fazer, solenizamos o Natal.

 

Natal confraterniza pacƭficos e pacifica adversƔrios.

N A T A L

 

Natal, fonte de belo sonho,

chega alinhavando lembranƧas;

carrega faceiro o embrulho da vida,

ofertando a bĆŖnĆ§Ć£o de viver feliz.

 

Natal, momento passageiro,

mistĆ©rio atĆ© o Ćŗltimo sempre;

banha de luz todas as feridas,

na alegria distribuindo presentes.

 

 Natal, espaƧo de silĆŖncio,

atraindo segredos do Deus amigo;

noite misteriosa, repleta de magia,

danƧando no deslizar da eternidade.

 

Natal, nobre cumplicidade divina.

Assume prĆ³ximos e distantes,

aniversariando o nascer de cada um.

Deus, no mundo ā€“ luz para todos.

 

Natal, berƧo de esperanƧa e paz;

menino embalado por tantos.

Reveste de cumplicidade o universo,

com amor em clima de festa.

 

Participar do infinito no arcabouƧo do finito.

Gerar Deus na espiritualidade do cotidiano.

Valorizar a dignidade de cada pessoa.

Combater toda forma de exclusĆ£o.

Festejar um amor sem fronteiras.

Solidarizar-se com os indefesos.

Dispensar um Deus justiceiro.

Oferta para todos no amor.

Nosso aliado, cĆŗmplice.

 

                                                                  

 

VIVER A SALVAƇƃO

 

Na presenƧa de Deus, sentir-se em casa,

ajudar outros a se tornar uma brasa.

 

Revestir de aconchego e seguranƧa

quem, aflito, ainda carece de bonanƧa.

 

Valorizar pessoas, solidarizar relaƧƵes;

imergir em divina luz, dissolver solidƵes.

 

Fazer-se correnteza em gotas do divino,

e superar os passos de pequenino.

 

Cheio de graƧa em serviƧo de rica bĆŖnĆ§Ć£o,

suscitar em muitos alegre canĆ§Ć£o.

 

Generoso e criativo em doaĆ§Ć£o de amor,

iniciar cooperaĆ§Ć£o apesar de alguma dor.

 

Em graƧa abundante, recolher-se no amor

e, em gratuidade, ofertar uma flor.

 

Espelhar-se no rosto de Deus, virado para nĆ³s;

alegrar-se na pertenƧa, nunca sentir-se a sĆ³s.

 

Viver em clima de paz e liberdade;

nunca duvidar: a vitĆ³ria serĆ” da bondade.

 

Capazes de Deus, em Jesus sempre vitoriosos;

ao findar a caminhada, ainda gloriosos.

 

Sim, em Deus-Pai, filhos nos reconhecemos;

revestidos do EspĆ­rito sempre viveremos.

 

Ser muito mais do que conseguimos ser;

e, no coraĆ§Ć£o de Deus, felizes agradecer.

                                       

Missa do dia 18.05.14

 

 

A S C E N S ƃ O

 

A morte-ressurreiĆ§Ć£o de Jesus consagrou a aprendizagem de seus discĆ­pulos(as). De um lado, a ReligiĆ£o do Dever com tradiĆ§Ć£o; do outro lado, a ReligiĆ£o do Reino com vida de qualidade. Ali, devoƧƵes: oraĆ§Ć£o, jejum, esmola; aqui, a gratuidadeā€“compaixĆ£o, entrega confiante, gestos de lava-pĆ©s. De um lado, a observĆ¢ncia legal, justiƧa-cobranƧa com exclusĆ£o; do outro lado, o amorā€“perdĆ£o com inclusĆ£o.

 

A mudanƧa havia sido grande demais para ser assimilada na breve duraĆ§Ć£o da convivĆŖncia, cruelmente interrompida. DesĆ¢nimo pela frustraĆ§Ć£o. Dera tudo errado. A Escola de Sonho se fez experiĆŖncia de derrota.  No fim, a morte. A casa desmoronou. Por alguns dias. A perda se fez confronto com riqueza incomum; desĆ¢nimo se fez limiar da grande descoberta. O testemunho de Jesus passou a brilhar.

 

MudanƧa radical. O ā€œespĆ­rito de Jesusā€ os impele. NĆ£o como doutores da lei nem como mestres de disciplina, porĆ©m como ā€œtestemunhasā€ de um amor que transpƵe as fronteiras de culpa, medo e exclusĆ£o. A inclusĆ£o Ć© o objetivo. O Pai em mim, eu no Pai; vĆ³s em mim, eu em vĆ³s. Todos, um sĆ³. A ComunhĆ£o. Barreiras sĆ£o eliminadas, muros derrubados, portas abertas. NĆ£o hĆ” judeu nem grego.

 

No sonho de Jesus o ā€œrenascerā€: respeito, compaixĆ£o, acolhida, lava-pĆ©s - comunhĆ£o graƧas Ć  participaĆ§Ć£o. CĆ©u e terra congregados no amor que confraterniza, transforma, liberta. O objetivo Ć© a festa em torno da Mesa. AscensĆ£o. NĆ£o Ć© Jesus que sobe para o cĆ©u; a terra estremece pelo convite de acolher o cĆ©u. NĆ£o podemos mais fugir do sonho. A missĆ£o Ć©: fazer a terra habitĆ”vel para todos.

 

A religiĆ£o, em matizes variados, hĆ” de mostrar-se acolhedora; o poder se despoje de vaidade e prepotĆŖncia e se faƧa serviƧo libertador. Na convivĆŖncia, grandes se ponham de joelhos, valorizando os pequenos. Ɖ AscensĆ£o. Em Jesus, o Deus que desce. Ele promove todos atravĆ©s de nĆ³s ā€“ Estado, Escola, FamĆ­lia e Igreja. AscensĆ£o: o coraĆ§Ć£o humano navega no sopro do EspĆ­rito a serviƧo da BOA NOVA.  

RELIGIƃO INSERIDA NA VIDA.

 

 

 

 

VIDA SOB NOSSOS CUIDADOS

Partes no Todo

 

Outono. Os dias encurtando, vegetaĆ§Ć£o a encolher-se;

clima frio, vida embrulhada, natureza em descanso ā€“ aparentemente ā€“ preparando-se para o futuro - o renascer.

Por que, entĆ£o, perder-se no presente?

AtƩ o negativo Ʃ roupagem de promessa. Sempre foi - assim serƔ.

 

NĆ£o Ć© a alternĆ¢ncia de estaƧƵes uma forma de humildade

a conter uma fecunda promessa? De fato, somos quais ā€˜folhasā€™

de Ć”rvore, hoje balanƧando no alto, amanhĆ£ prostradas no chĆ£o, abrindo espaƧo para futuras geraƧƵes. Gratos ao efĆŖmero na vida,

sejamos acolhedores do milagre que reinicia. Finitude abenƧoada.

 

Pior seria, caso assim nĆ£o fosse: definharĆ­amos sem funĆ§Ć£o

para o futuro. Se a histĆ³ria deve tanto a nĆ³s, a natureza nos sustenta, enquanto a vida vale pela felicidade do bem-estar.

Certo Ć© que nosso existir se artificializou bastante.

O planeta nos hƔ de ameaƧar e atƩ o clima se desequilibrar?

A tecnologia nos confronta com o que tanto abominamos:

terremotos, guerras, violĆŖncias, desastres -

irresponsabilidades cidadĆ£s, polĆ­ticas e sociais.

 

Formas tantas de desrespeito, de exclusĆ£o e de crueldade.

Para muitos a degradaĆ§Ć£o aumenta, a vida se mostra violenta

e, havendo ameaƧas de toda espƩcie, mesmo assim, nosso mundo

Ć© melhor que em todos os tempos que nos precederam.

 

Se as folhas caiam da Ɣrvore, ficando essa exposta em sua nudez,

no interior da mesma nova vida germina promissora.

Na convivĆŖncia, os direitos progrediram, a natureza Ć© tratada

com mais respeito, o nĆ­vel da vida em geral tem melhorado.

No comeƧo do sĆ©culo XX, Ć©ramos 1 bilhĆ£o; em 2050 seremos

quase 10 bilhƵes. Nos primeiros 18 sĆ©culos da era cristĆ£,

o nƭvel de vida e a mƩdia de idade permaneceram iguais.

 

Como era difĆ­cil e sofrida a vida de nossos antepassados!

De tudo que, hoje, nos castiga e ameaƧa, pouco restarƔ.

Afinal, temos alguma semelhanƧa com as folhas secas de Ɣrvore,

que o vento usa como brinquedo no chĆ£o.

PorƩm, somos mais, bem mais, sobretudo ao nos fazermos

promessa para o futuro, mostrando-nos responsƔveis.

 

Afinal, o planeta Terra Ć© nossa ā€˜MĆ£eā€™. ComeƧou hĆ” quase

14 bilhƵes de anos!  Devemos tudo a estrelas, que pereceram

bilhƵes de anos atrƔs. Surgiu a matƩria, aglomerando-se e girando,

dando origem a bilhƵes de galƔxias com suas estrelas

que ninguƩm conta. HƔ quase 5 bilhƵes de anos surgiu o sol

e seus planetas, entre eles a ā€˜terraā€™, nossa mĆ£e, coberta de Ć”gua.

Sua atmosfera Ć© rica em oxigĆŖnio que nos protege dos bombardeios

da radiaĆ§Ć£o solar e dos raios cĆ³smicos. Isso possibilita a vida

que explode em uma criatividade infinita,

usando o presente para criar o futuro.

Esquecidos de nossas origens, nos mostramos ingratos e rebeldes.

OxalĆ” nos faƧamos alunos agradecidos da HistĆ³ria,

nĆ£o sĆ³ da natureza, mas tambĆ©m da civilizaĆ§Ć£o.

Elas sĆ£o as mais valiosas mĆ£es, sem elas nossa mĆ£e nem existiria.

 

Frei ClĆ”udio  van Balen

Cfr: A.C.Sponville, Comme les feuilles des arbres, Le Monde des Religions 2013, p.82

M. Gleiser, Pai Cosmo, mĆ£e Terra, FSP, 11/05/14

ABENƇOADO

 

SalvaĆ§Ć£o Ć© graƧa-oferta,

- atravƩs de tudo e todos -

chega mim e me envolve.

Ou nĆ£o passa de ledo engano

com a dor me confronta.

 

Bem-Aventurado eu me sinta,

sempre, graƧas Ơ realidade;

ou eu mesmo me aprisiono

no inferno que sĆ³ eu escolho.

Sim, felicidade sinto ou desgraƧa.

 

Querer merecer a SalvaĆ§Ć£o,

fazer da perfeiĆ§Ć£o um mĆ©rito?

No mĆ­nimo Ć© ignorĆ¢ncia;

no mƔximo, Ʃ loucura.

Agraciado me sinta, em tudo.

 

Sonho de loucura Ć© salvar-me;

conquistar o que jĆ” possuo.

Tornar-me o que jĆ” sou?

Ɖ de graƧa que impera a bĆŖnĆ§Ć£o.

No dia a dia, eu seja o que sou!

 

SĆ³ a mim cabe escolher:

viver bem-aventurado ou nĆ£o.

Preferir a angĆŗstia Ć  felicidade?

Priorizar o bem-estar Ơ desgraƧa.

Mergulhar no paraĆ­so ou no inferno.

A mim, a escolha; desde jĆ”.

25 / 05 / 2014

 

 PRESƉPIO ā€“ GRANDEZA SIMPLES

 

No passado, em meio ao luxo da Igreja,

Francisco propƓs sobriedade.

A partir de entĆ£o, vigora a versĆ£o de que

Jesus nasceu em um ā€˜estĆ”buloā€™,

sendo que o prĆ³prio Francisco

abandonara o luxo da casa paterna.

HĆ”, no relato, algo que nĆ£o

aconteceu ā€“ gruta...ā€“ porĆ©m Ć© ā€˜verdadeā€™,

da mesma forma, tanto para Francisco

como para Jesus ā€“ na pobreza que abraƧaram.

 

Algo assim com relaĆ§Ć£o a Maria:

envolvida pelo EspĆ­rito,

ela engravidou, nosentido de que seu filho,

Ć  luz da fĆ©, se revelou ā€˜filhoā€™ de Deus 

de tĆ£o marcadopelo espĆ­rito ā€˜divinoā€™.

ƀ luz da fĆ©, hĆ” gratuidade divina em toda concepĆ§Ć£o,

sendo que a ā€˜vidaā€™ emana do mistĆ©rio de Deus.

E isso vale para toda pessoaque, neste mundo,

nasce de pai e mĆ£e. Sim, aqui, hĆ” algo mais.

 

Na histĆ³ria do povo judeu,

hĆ” narrativas sobre pessoas que

nasceram de mĆ£es infĆ©rteis ou

idosas demais para poder gerar filhos.

O que parece impossĆ­vel ā€˜aconteceā€™.

Ɖ para salientar que a crianƧa nascida

Ć© alguĆ©m com missĆ£o muito ā€˜especialā€™.

AliĆ”s, o povo judeu se originou de AbraĆ£o e Sara,

muito idosos; Ć© o que simboliza

e confirma sua pertenƧa ao ā€˜Povo de Deusā€™.

 

Jesus, sendo especial,

tem de ser gerado de forma singular.

Se profetas nascem de mĆ£es estĆ©reis,

Jesus nasce de mĆ£e virgem:

nĆ£o por vontade de um homem,

mas pela vontade de Deus,

como escreve o evangelista JoĆ£o.

Tal circunstĆ¢ncia simboliza o que

Jesus realmente Ć©: Emanuel ā€“ Deus-conosco.

Eis a liĆ§Ć£o: ao servir uns a outros,

somos de fato ā€˜filhos de Deusā€™.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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